quinta-feira, 8 de julho de 2010

Muito

O que ela quer é falar de amor. Fazer cafuné, comprar presente, reservar hotel pra viagem, olhar estrela sem ter o que dizer. Quer tomar vinho e olhar nos olhos. Ela quer poder soprar o que mora dentro, o que não cabe, que voa inocente e suicida. Ela quer o que não tem nome. Quer rir sem saber de quê, passar horas sem notar, quer o silêncio e a falação. Ela quer bobagem. Quer o que não serve pra nada. Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade. Ela quer o imprevisto, a surpresa, o coração disparado, o medo de ser bom. Quer música, barulho de e-mail na caixa, telefone tocando. Ela tem muito e quer mais. Quer sempre. Quer se cobrir de eternidade, quer o oxigênio do risco pra ficar sempre menina. Ela quer tremer as pernas, beijo no ponto de ônibus e a milésima primeira vez. Quer cor e som, lembrança de ontem, sorriso no canto da boca. Ela quer dar bandeira. Quer a alegria besta de quem não tem juízo. O que ela quer é tão simples. Só que ela não é desse mundo.

Texto por Cris Guerra, ao ler meu pensamento.

sexta-feira, 19 de março de 2010

terça-feira, 16 de março de 2010

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Preguiça

Semana passada eu estava conversando com a Dee sobre o motivo da minha ausência em meu próprio Blog, disse que é muito chato você criar um Blog, toda empolgada e feliz como quem está lançando um livro (tá legal, menos, bem menos! Diria minha mãe) e de repente as suas idéias resolvem brincar de "ciranda" dentro da sua cabeça e você nunca sabe o que escrever.
Tem milhares de idéias, mas quando está prestes a postar um novo texto, POF! Você decide que não seria um bom post, e assim, voltamos a estaca zero.
É claro que a preguiça leva uma boa parcela da culpa.
E eu achei tão lindinho o post dela sobre preguiça, achei que tem tudo a ver com o meu caso.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Eu gosto.


















Gosto de sentir o cheiro de mato cortado e dele molhado;
Gosto de sentir saudades, mas o que dá prazer é saciar-me;
Gosto de dirigir em dia de sol e sentir a brisa no meu rosto;
Gosto de filmes “Água com açúcar”;
Gosto de superar;
Gosto de sentir cheiro de casa limpa;
Gosto de azeitonas e pistaches;
Gosto de escovar os dentes andando pela casa;
Gosto de sonhar com o meu Pai;
Gosto de não fazer nada e morrer de rir com os amigos;
Gosto de olhar no relógio e descobrir que ainda posso dormir mais;
Gosto de chorar e depois rir;
Gosto de ir pro trabalho na garupa do Fê nas segundas;
Gosto de fazer planos e mudá-los de repente;
Gosto de como foi minha infância;
Gosto de cartões postais;
Gosto de beijo demorado e apaixonado;
Gosto de fazer piadas e ver o lado bom das coisas;
Gosto de ver a minha Mãe dando risada;
Gosto de noites de Natal;
Gosto de olhar pela janela do quarto e ver que o trabalho é logo ali;
Gosto de como a Nanda protege a família;
Gosto de tomar banho de chuva;
Gosto de ter amigos de muito tempo;
Gosto de ter um quarto na casa da minha Mãe e outro na Vó Mary;
Gosto de e-mails engraçados;
Gosto de ser a irmã do meio;
Gosto de pagar todas as contas no início do mês;
Gosto de sexta-feira às 18:00;
Gosto de terminar um texto da forma que tiver vontade, mesmo sem parecer o final.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Dia de Finados

02 de Novembro, dia de finados. E daí?
Para mim é só mais um feriado bacana que inventaram para aproveitarmos um dia que se não carregasse a responsabilidade no nome como “Dia de tal coisa”, seria como outro qualquer embaralhado entre tantos dias no calendário. Para mim sempre foi assim, e continuará sendo.

Perguntaram-me se eu não iria visitar meu pai no cemitério.
Mas ele não está lá, o meu Pai não está – respondi.
Pra mim, ali só tem um corpo de baixo da terra.
Não vou encontrá-lo dentro do cemitério, levando flores para um gramado e imaginando que essas flores são para ele. Não é ali que o encontro.
Daquele lugar só tenho lembranças tristes, de um dia surreal, um dia que gostaria de esquecer que existiu, mas não posso, infelizmente faz parte. É difícil, não nego, mas tento aceitar e me conformar a cada dia.

O encontro em minhas lembranças, nos meus sonhos. Ah! Como gosto de acordar e me lembrar que sonhei com ele, acho que ele veio me ver durante a noite, certificar-se de que estou bem.
Quantos momentos bons, quantas lembranças bonitas que tenho, são meu tesouro, nunca deixaram de existir. E é isso que me importa, porque eu tive a sorte de ter um pai de verdade, isso é real.

A morte é só mais um capítulo, claro que é difícil imaginar que possa ser bonito, mas isso é só um detalhe pra quem escreveu vários capítulos maravilhosos que ficarão tatuados pela eternidade em nossos corações.


Acho que foi por isso que não choveu ontem, né Fofinho?

"A vida é mesmo coisa muito frágil, Uma bobagem uma irrelevância, Diante da eternidade do amor de quem se ama" (Nando Reis)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Da Rua das Camélias..

Da casa da minha avó Maria, mãe do meu pai, me lembro de muitas coisas.
Aliás, são lembranças muito boas, de uma época em que a minha imaginação de criança trabalhava muito. Praticamente "O fantástico mundo de Bobby".
Era um sobrado ao lado da fábrica de buzinas da família. Na época meu pai e seus irmãos trabalhavam todos juntos, então a casa virava uma creche, cheia de netos da Dona Maria.

O nosso lugar predileto para travessuras era o sótão, lembro-me que o ambiente era muito agradável, batia sol e era arejado. Tinha redes espalhadas de disputávamos, muitas fotografias, até mesmo um telescópio para admirar as estrelas, mas o que gostávamos mesmo era de "admirar" a vizinhança.

Era o canto do tio conhecido como Roberval. Tinha dó dele por ter esse nome, ficava imaginando como minha avó teria escolhido nomes comuns como Fábio, Sidney, Simone, Sérgio e depois teve a infeliz idéia de dar o nome Roberval? Coitado, fiquei muito tempo acreditando que esse era realmente o nome dele, mas para o meu alívio, descobri que era apenas seu apelido, seu nome é simplesmente Roberto.

Para mim o sótão era dono de dois mistérios. Um deles era a velha escada de ferro, que tinha que descer de costas para que não acontecesse nenhum tipo de acidente, pois era muito ingrime. Bastava minha avó saber que um de nós esteve lá, a primeira coisa que ela queria saber é se descemos de costas, e falava tanto sobre isso que para mim, descer de costas era uma espécie de ritual sagrado, achava engraçado, mas gostava do mistério.
O outro era meio sombrio, havia uma salinha dentro do sótão que tinha na porta uma daquelas placas de aviso dizendo “Perigo” com desenho de uma caveira. A sala estava sempre trancada, porém ora ou outra, trafegava algum funcionário da fábrica carregando um saco preto com materiais para estocar, mas nunca era permitida a entrada de crianças. Concluí e repassei a informação para os mais novos que o corpo do meu avô falecido ficava lá, e que por ainda sermos crianças, não poderíamos ver tal cena.
Mas essas são lembranças com as quais me divirto, acho especial a forma como entendemos ou tentamos decifrar as coisas quando crianças.

Tem uma coisa que achava um bocado estranho.
Eu e minha irmã às vezes brincávamos com a neta de uma amiga da minha avó, que era sua vizinha de frente. Não me recordo o nome da menina, mas sei que ela nunca tinha com quem brincar, além de nós duas; nem irmãos, nem primos da mesma idade. Não existia nenhum problema em brincarmos com ela, era saudável, natural, o que me assustava era a hora em que íamos embora, a avó dela abria o portão com muito cuidado para não fazer barulho e partíamos escondido da garota. Porque no que dependesse dela, nós não podíamos ir embora, ela não queria ficar sozinha, sem ter outra criança para acompanhá-la nas brincadeiras, e se nos visse partir, fazia um escândalo, segurava em nossos braços chorando e dizendo que não queria. Era nesse momento que eu sempre me arrependia de ter ido até lá.

Recordo-me também das famosas festas da Rua das Camélias que eram realizadas na casa da minha avó, sempre organizadas pelo Tio Roberval. Não eram festas familiares, tão pouco recomendadas para menores de 18 anos, eram do tipo “Sexo, drogas e... (não me lembro a música que escutavam)”. Só sei que a rua era tomada por carros dos convidados, era a maior zona, até que um dia uma prima minha teve uma brilhante idéia: - Já que não podemos participar da festa, podemos ganhar dinheiro para cuidar dos carros!
E lá foi a bobinha aqui seguir a brilhante idéia, até a hora que minha mãe percebeu que nós não estávamos no quintal da frente brincando, e sim na rua como “flanelinhas”, aí a bronca foi feia, se bobear, tiveram até os famosos chinelos voadores de Dona Lú. Esses famosos ficam para uma outra história.

Primos na casa da Vó Maria : Eu, Felipe (meu
irmão), Leo, Alessandra e Rodrigo.